Mundo Gastronômico

29 abril, 2010

Equipes são carentes de liderança



Após o módulo Trabalho em Equipe do treinamento de Excelência no Atendimento ao Cliente em Restaurantes da AyB, concluo: equipes são carentes de liderança.
Sempre me identifico com as massas carentes de liderança. Talvez porque eu também precise de liderança. Aliás, acho que todos precisam de um líder, interno ou externo, na figura de um chefe ou da autocrítica.
Acho que todo restaurante deveria investir em treinamento para seus funcionários. Não só pelas técnicas em si (que são fundamentais), mas pela na necessidade de rever conceitos, observar de fora, mudar, atualizar, crescer.
As mudanças são sempre lentas, mas devem ser constantes, e para melhor.
Não há mudança tranquila, pois sempre que algo nos tira da rotina requer um esforço a mais, você sai da zona de conforto e isso exige esforço. Mas se todos conseguissem focar no resultado, e principalmente na satisfação que dá olhar um trabalho bem feito, as mudanças seriam mais bem aceitas.
O módulo de trabalho em equipe é muito interessante porque é o menos técnico e o mais pessoal de todos. A gente aborda questões muito íntimas, pessoais, de como o outro lida com as diferenças, da comunicação entre os membros da equipe, das dificuldades dos colaboradores em suas rotinas de trabalho. E mais: promovemos o início de uma discussão sobre os processos já estabelecidos para que sejam mudados e aprimorados, com base na comunicação assertiva, no diálogo, na tolerância e na empatia.
Quando deixo a equipe, tenho a certeza de que várias cabeças ficaram borbulhando em idéias e pensamentos em busca de mudança, do novo, do melhor. Saio certa de que todos reascendem a chama da esperança por um ambiente de trabalho melhor, mais humano, mais produtivo, e mais feliz. (Ao menos é isso que eles me dizem ao final do curso).
Peço que eles levem os ensinamentos para suas vidas e não só para o trabalho, que tomem o aprendizado para si, e não só para a empresa. Afinal, as coisas que aprendemos são nossas e é algo que nada, nem ninguém consegue tirar de nós, nunca.

17 abril, 2010

SIMPLESMENTE O MELHOR



(Escrito em: 17 Abril 2010)

Li o Blog do Luiz Horta sobre o campeão mundial de Sommeliers e adorei!
Concordo que nariz empinado e conhecimento enciclopédico são anti-vinho. Aliás, não tem coisa mais aborrecida do que um sommelier que ao indicar um rótulo ou durante o serviço de vinho quer lhe dar uma "aulinha grátis", cheia de informações que não interessam ao consumidor, e com ares de superioridade.
Mas, como também dou aula e treinamento de serviço a garçons, fiquei interessada em saber o que fez do Basset ganhar o título de melhor do mundo. Li várias reportagens sobre o assunto e no site do Planeta Vino cheguei a conclusão que ele venceu de longe seus concorrentes, em várias das sete etapas do concurso, porque:
Foi muito honesto ao definir sua profissão dizendo que o Sommelier é sobretudo um "businessman", um elo importante entre o produtor e o consumidor final, e uma fonte de inspiração à sua equipe! Só essa frase já arrancou suspiros da platéia.
Demonstrou conhecimento técnico exemplar, como todos os outros que lá estavam.
Reconheceu um erro e o mencionou perante o público e jurados durante uma das provas.
Mas foi superior no quesito excelência no serviço ao preocupar-se com possíveis restrições alimentares da comissão julgadora. Isso surpreendeu a todos pelo detalhe de atenção e cuidado aos "clientes", não apenas cumprindo seu dever de servir o que lhe foi designado.
Completando a conquista da simpatia e para a surpresa de todos, ofereceu algo a mais
(que não estava no script): destilados digestivos e café.
Enfim, oferecer mais do que o esperado, aliado à técnica e simpatia no serviço, é o que distingue o bom do "simplesmente o melhor"! Pratiquem isso!

11 abril, 2010

Equipe inteira de um Café pede demissão


Parece brincadeira, mas isso realmente aconteceu há poucos dias, no Gorilla Coffee em Nova York. O motivo, conforme nota de um dos proprietários à imprensa, teria sido uma exigência para que um dos sócios se afastasse da operação da empresa.
Outra matéria, no NY Times, traz carta onde os funcionários dizem apenas que “o ambiente era hostil, degradante e impossível de se trabalhar”. Ninguém explicou exatamente o que houve!
Fiquei me perguntando se o mesmo aconteceria por aqui. E logo em seguida surgiu outra questão em mente: se o problema era com um dos sócios que tornava o ambiente insuportável, porque não o processaram? Não sou advogada, mas sei bem que os advogados americanos conseguem sempre achar um motivo para processar alguém...
Trabalho com assessoria e treinamento de equipes de bares e restaurantes há algum tempo e já vi muitas equipes insatisfeitas, seja com o clima entre os colaboradores, seja entre funcionários e patrões, e também por ambiente realmente insalubre. Mas jamais vi uma equipe inteira se unir e pedir demissão. Já pensou se essa moda pega por aqui?
Também conheci algumas equipes que odiavam um sócio (aquele que trabalhava efetivamente no restaurante) e amavam o outro (que só aparecia de vez em quando). E já vi coisas que prefiro não comentar.
De tudo isso, uma coisa é certa: a falta de respeito é algo inaceitável. Tanto do ponto de vista dos funcionários, quanto dos proprietários. E, quando a situação chega a tal ponto, o melhor mesmo a fazer é sair de cena!
Espero que esse fato sirva de lição a muitos proprietários de restaurantes no Brasil. Que sirva de incentivo a equipes que trabalham em condições desumanas para que se unam e busquem uma saída (se possível, melhor que esta).
Não quero defender nenhum lado. Quero apenas que funcionários e patrões se relacionem melhor, vistam a camisa um do outro, se comuniquem mais, entendam o ponto de vista do outro e, unidos, ajudem sua empresa a crescer.
Já ajudei muita equipe a se unir para expor aos proprietários suas vontades, e já instrui muitos proprietários a ouvirem seus colaboradores. Não adianta, a melhor saída é sempre a conversa entre ambas as partes – por mais difícil que possa parecer.
De qualquer forma, estou ansiosa por saber como vai terminar essa história.
E você, o que faria numa situação dessas?

10 abril, 2010

Semana em família


Em SP há cinco anos, quando passo um tempo em família é porque estou fora daqui, na casa dos meus pais em Florianópolis, na casa dos sogros em Blumenau, ou na casa de um dos quinze tios ou de algum dos trinta e tantos primos! Isso mesmo: é muita gente!
Outro dia ouvi de um primo que seus amigos sempre pegam no pé dele porque ele é sempre primo de alguém ou tem um primo que faz ou já fez o que está sendo citado na conversa.
O fato é que, apesar de ter uma família tão grande, raramente estamos em família por mais que um final de semana. Nunca parei para pensar nisso: ás vezes me sinto meio “órfã”... Sinto falta das brigas, confusões, discussões, problemas, de pegar no pé do outro, de ter ataques de riso sem nenhum motivo com apenas um olhar de cumplicidade, de rir sozinha ao me enxergar no outro, e até de querer melhorar algo que a herança genética me deu.
E essa semana foi intensamente familiar. Começando com a visita dos Pachecos que vieram passar o feriado da Páscoa com a gente: sogro e sogra, cunhadas, cunhados, e sobrinhos. (Falem mal o quanto quiser dos sogros e sogras dos outros, mas não dos meus – eu amo eles!) Foi uma delícia ter a casa cheia e a mesa farta de comidas, bebidas, risadas, piadas e “causos”...
E contribui intensamente para aumentar minha "litragem" (sinônimo de experiência para os Sommeliers):
Começamos com um espumante rosé para comemorar o aniversário da Sogrinha na Quinta da Paixão, na Sexta-Santa um branco para acompanhar o bacalhau e a chegada da cunhada, no sábado uma degustação de cervejas, e por aí foi o final de semana todo.
Na semana, chegaram dois tios e uma tia. Não sei a idéia que os outros têm de “tios”, mas os meus eu os defino como: amigos mais velhos que eu adoro e me conhecem desde sempre. Amigos mesmo, daqueles que é sempre bom ter como companhia, a qualquer hora do dia ou da noite, é sempre bom estar junto para dar risada ou conversar sobre qualquer assunto.
Meu tio contou que minha prima (uma dos trigêmeos que vi nascer!) está seguindo meus passos: cursando gastronomia. Fiquei boba e orgulhosa e já mandei um exemplar dos meus trabalhos como revisora técnica de presente - o Elementos da Culinária de A a Z, do Michael Ruhlman.
Depois, minha tia e eu (nos chamamos de cópia uma da outra) somos tão iguais em tantas coisas que nos divertimos cada vez que descobrimos algo “novo” que ambas gostam, mas não sabíamos. E, como não podia deixar de ser, passamos alguns dias tagarelando, comendo e bebendo muito.
Entre tantas coisas boas, a escolha do meu tio para acompanhar o jantar, um Castello Di Ama 1997, foi o auge (dos vinhos e não da semana, pois seria difícil escolher o melhor momento): tão bom como uma boa conversa em família: franco, brilhante, límpido, de boa transparência, intenso e sutil ao mesmo tempo, com aromas agradáveis e fáceis de reconhecer, sempre surpreendente. Só me resta agradecer!

06 abril, 2010

Sempre temos escolha!



"Um novo estudo sugere que a gordura cria dependência como cocaína e heroína. Comer mal é um vício ou temos escolha?"
Assim como em qualquer vício, acredito que sempre há escolha. Só que o difícil é não escolher o caminho mais fácil, o mais atraente, e aparentemente o mais gostoso...
Segundo o texto retirado da Revista Época dessa semana a gordura vicia tanto quanto algumas drogas como cocaína e heroína.
Como todo estudo científico, não se consideram as variáveis a que estamos sujeitos na vida real. Afinal o estudo foi baseado em experiências com ratos de laboratórios.
Eu concordo com vários pontos da pesquisa apresentada na matéria e acredito, por experiência própria, que deve ser verdade na prática. Principalmente no que se refere ao mecanismo do vício que faz com que você sinta necessidade de consumir uma quantidade cada vez maior da substância viciante. E, como tudo o que tem gordura é bom, dá um prazer visceral, um prazer primitivo e quase inexplicável - não fosse ascendência pré-histórica nos homens das cavernas cuja gordura era tão estimada não só por mantê-los saciados por mais tempo, como por ter outras funções como ajudar a proteger a pele do frio, dos insetos, e do sol.
Voltando à reportagem, confesso que sempre fico indignada com o comportamento dos (nesse caso, americanos) que sempre procuram um culpado para todos os males da humanidade. Ou seja, a pesquisa, se "levada às últimas consequências, ela pode até mesmo sugerir que os consumidores são manipulados pela indústria do fast-food do mesmo modo como jovens são aliciados por traficantes na porta das escolas." ...
Tudo bem em usar a pesquisa como exemplo para que mudemos nossos hábitos alimentares e busquemos nos alimentar melhor. Ótimo saber que precisamos nos policiar cada vez mais. Maravilhoso para servir como uma base para tentarmos mudar as merendas infantis e os cardápios das cantinas dos colégios e incentivar as crianças (e seus pais) a cultivar uma alimentação saudável. Mas culpar a indústria alimentícia e as redes de fast-food é um pouco de exagero, não acham!?
Ainda bem que o autor da matéria lembrou que "convivemos com substâncias potencialmente perigosas o tempo inteiro" e "tudo depende das escolhas individuais e das circunstâncias".
Pensando nas circunstâncias, por exemplo, se você estiver com fome e tiver à sua frente uma comida pronta e gordurosa ou uma opção saudável mas que levará certo tempo para ser preparada, qual você ataca primeiro? Eu atacaria a gordurosa, sem dúvida!
Enfim, adorei a reportagem, acho que é uma boa base para tentarmos nos livrar não só do vício por alimentos gordurosos, mas para lembrarmos que precisamos estar alertas às nossas escolhas, precisamos investir em hábitos alimentares saudáveis. Porque vício é uma consequência do consumo regular de susbtâncias que nos dão prazer. E, se podemos nos viciar em coisas ruins (que nos dão prazer porque escolhemos consumí-las), também podemos nos viciar em coisas boas ao fazermos escolhas cada vez mais conscientes e com o hábito aprender a gostar dos alimentos saudáveis.
Mas, por favor, nada tão certinho e restrito que nos impeça de saborear, muito de vez em quando, uma coisinha gostosa e recheada de gordura. Porque eu ADORO comer uma porcaria!
Será que daqui uns anos veremos a frase "consuma com moderação" impressa em queijos, linguiças, salames, hambuguers, bolos, bolachas, manteiga, creme de leite, azeites, chocolates, sorvetes e etc???
Cada vez mais, algumas das minhas teorias se comprovam: 1- Devemos comer de tudo, e pouco! 2- Na vida, tudo o que é demais faz mal. E isso serve tanto para as coisas boas, quanto para as ruins! E tanto para as coisas boas demais (porque viciam) quanto para as ruins demais (porque se são muito ruins, não devem fazer bem mesmo)!

Se quiserem ler a matéria na íntegra, aí vai o link:

05 abril, 2010

A Páscoa além do chocolate...


Ontem ouvi uma reportagem numa rádio sobre a Páscoa na França e a tradição do silêncio dos sinos das igrejas entre a sexta-feira santa e o domingo de Páscoa, como um sinal de luto e, por isso, antes de existirem ovos de chocolate era comum presentear as pessoas queridas com sinos de chocolate.
Até há pouco tempo eu afirmava com toda convicção que não gostava de chocolate. Antes eu realmente achava que não gostava de chocolate, me dava uma sensação à boca de gordura ruim e açúcar puro. Hoje, com um pouco mais de conhecimento, continuo afirmando para a grande maioria que realmente não gosto de chocolate para não parecer esnobe e dizer o que realmente aprendi: Eu gosto de chocolate sim! Mas só daqueles com altíssimo teor de cacau, e alguns combinados com cascas de laranja, damascos, avelãs, nougat, alguns crocantes... nada de gordura hidrogenada ou outras gorduras ruins que deixam um gosto de sebo na boca, e muito menos os muito doces porque, definitivamente, não gosto do sabor do açúcar em si. E tem mais: nem sempre isso quer dizer que só gosto de chocolate caro, de jeito nenhum! Até porque tem algumas marcas bem caras no mercado que eu também não consigo engolir.
Mas uma questão que tem me atormentado nas últimas semanas é: qual o prato típico do domingo de Páscoa?! O que é tradição à mesa das famílias brasileiras? Carne de Porco? Cordeiro? Churrasco?
Por onde pergunto recebo uma resposta diferente... Qual a sua tradição? Será que existe um almoço típico de Páscoa?
Eu achava que a tradição na minha família era carne de porco, um lombinho ou pernil assado. Mas ontem descobri que minha mãe fez um cordeiro. E isso reascendeu questão: o que temos à mesa de Páscoa além do chocolate? Alguém pode me responder?